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terça-feira, 3 de abril de 2012

Passado, presente e futuro do Navio Maragogipe


Olha ele ai: o Maragogipe, antes o imponente e majestoso das águas do Rio Paraguaçu. Hoje sob uma perspetiva vil do sistema capitalista é apenas um amontoado de ferros, uma sucata. Mas sob o ponto de vista histórico e cultural, o Maragogipe é patrimônio imaterial da Bahia, quem já navegou nessa embarcação nas calmas águas do Paraguaçu sabe bem do que estamos escrevendo, em especial sob o comando do Comandante Sandoval Bispo da Silva, exímio conhecedor da embarcação e dos segredos do Paraguaçu.

O Maragogipe, de fabricação alemã, navegou por 35 anos, entre 1962 e 1997, nas águas da Baía de Todos os Santos. Antes das rodovias, a embarcação era vital para quem precisava locomover-se entre Salvador e as comunidades do Recôncavo, partindo de Maragogipe para Salvador, pela manhã, e retornando à tarde. Alimentos e outras mercadorias também eram transportados pelo Maragogipe, que cumpriu, assim, um papel importante para a economia regional

O navio possui 46,15 m de comprimento, dos quais 42,50 m de linha de água, calado de 2,35 m, estrutura que proporcinava um deslocamento suave sobre as águas, apesar de suas 364,7 toneladas. 
Tinha a capacidade para 600 passageiros, o navio chegava a comportar o dobro disso nas festas de São Bartolomeu, São Roque do Paraguaçu e Enseada do Paraguaçu. 

Em 2001 o medo de perder este valioso patrimônio foi afastado, pois um projeto da prefeitura da cidade de Maragogipe pretendia transformá-lo em um museu flutuante, porém o projeto não vingou e a prefeitura foi obrigada a devolver o navio ao governo do Estado da Bahia, proprietário original da embarcação.

A solução do governo do Estado foi vender a embarcação através de um leilão, momento preocupante para os baianos, pois o arrematante poderia dar a embarcação um destino trágico, o ferro velho. Poderia ser o fim do Maragogipe.

Em 2008, após uma acirrada disputa entre grupo de empresários de Santa Catarina e Bahia, os corações baianos ficaram aliviados, pois o arrematante foi o grupo de empresários baianos, que afirmaram direcionar os planos da embarcação para uma ampla reforma, afim de utilizá-la como restaurante ou permanecer com a sua utilidade original, o transporte de pessoas, mas dessa vez turistas que quisessem visitar a Baia de Todos os Santos.

Ocorre que em novembro de 2012 se completam quatro anos da arrematação, e o projeto de reforma da embarcação ainda não iniciou. Diante disso, resta a nossa forte torcida para que o futuro do Maragogipe seja tão glorioso quanto foi o seu passado, e que o soar de seu apito inesquecível não seja silenciado pelas profundezas das águas da Baia de Todos os Santos. 

Texto de Alailton Silva
Apaixonado pela Enseada
Fonte: Blog Zevaldo Sousa e Sesab   

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